quinta-feira, 17 de setembro de 2015

PARADOXOS IDEOLÓGICOS: JESUS E AS IGREJAS CRISTÃS EVANGELICAS - PARTE II

Abordando agora sob algumas questões envolvendo a moral cristã e o comprometimento com a vida na sua importância. De modo particular, observa-se uma quimera, controvérsia muito séria na atitude moral de Jesus, e isso porque Ele institui o inferno e tomando como base ideológica de que Cristo, aí estando Ele em sua forma humana, segundo o cristianismo, incompreensível, é que Jesus em sua forma densamente humana, tem a faculdade de esperar no castigo eterno. Certamente, Jesus como é exposto nos Evangelhos, tinha fé no castigo eterno, e nós encontramos, frequentemente, uma cólera, como punição legal contra os que não aceitavam aos seus mandamentos, fazendo com que essa atitude seja difundida de modo convencional entre pregadores, mas que, de certo modo, se afasta da dignidade perfeita. Vemos que nos Evangelhos, Cristo disse: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação ao inferno?” (7). Dito isso as pessoas que não simpatizavam com suas teorias. Existe, por apropriado, o escrito familiar acerca do pecado contra o Espírito Santo: “Quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem neste século nem no futuro” (8). Esta escrita acarretou inefável desgraça no mundo, porquanto que toda a natureza de indivíduo idealizava possuir pecado contra o Espírito Santo e entendia que não seria perdoada nem neste mundo, nem no que se cogita. Realmente não parece que uma pessoa com dom natural, merecimento, predicado moral ou intelectual com grau correspondente de bondade em sua natureza teria imposto no mundo temores e terrores dessa condição. Ainda realizando uma analogia dos parâmetros sobre esses tipos paradoxos de moral contra a vida, na qual as religiões cristãs evangélicas baseiam-se nos textos bíblicos, podemos citar outros em que Cristo diz ainda: ―O Filho do homem enviará os seus anjos, e tirarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes‖ (9). Essa expressão corrobora continuadamente versículo após versículo e a nosso ver indica que a alusão às lamúrias e ao ranger dos dentes causa certo gozo na contemplação dos prantos e da produção áspera com o atrito dos dentes. Nós todos nos lembramos, com certeza, do texto acerca das ovelhas e das cabras; de como no segundo advento, a fim de apartar as ovelhas das cabras, assim Ele dirá às cabras: ―... Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno...‖ (10). E Ele continua por versículos afora: “E irão eles para o castigo eterno” (11). ―Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno‖ (12). Necessitamos proferir que na nossa avaliação, um ensinamento de exaltação ao fogo duradouro como arma de revanche para a correção do pecado, estimula mandamentos de crueldades. É uma teoria que impõe crueldade na humanidade e debela famílias a um martírio bárbaro, e o Jesus das boas novas, se pudermos receber como os seus seguidores o representam, teria, seguramente, de ser indicado, em parte, o responsável por isso. São estas as boas novas para os que não concordarem com suas ideologias, hoje representadas pelas igrejas evangélicas.

PARADOXOS IDEOLÓGICOS: JESUS E AS IGREJAS CRISTÃS EVANGELICAS

Existem algumas formas que merecem ser observadas e analisadas sob os parâmetros apresentados pelas ideologias de Jesus e os oferecidos pelas religiões cristãs evangélicas. Quimeras ou fatos? Podemos fazer uma síntese analógica que iniciaremos no teor da chamada justiça, que é a seguinte: proferem que a existência de Deus é imprescindível a fim de que exista justiça no mundo. No ambiente do universo que distinguimos há grande injustiça e, não é diferente que os bons sofram e os maus prosperem, e a gente nem imagina qual dessas coisas é a que mais incomoda. Porém, para que exista a suposta justiça no universo de forma completa, temos de cogitar a existência de uma vida futura para atender a vida aqui na Terra. De tal modo, dizem que deve existir um Deus, e que deve existir inferno e céu, a fim de que, no final, venhamos a encontrar a justiça. Esse é um contexto muito curioso. Ao analisarmos o argumento sob a ótica científica, articulamos: afinal de contas, conhecemos este mundo apenas. Não sabemos do resíduo do universo, embora, tanto quanto podemos raciocinar referente às probabilidades, diríamos que este mundo compõe um admirável padrão e, se aqui existe injustiça, é muito provável que haja injustiça também em outras partes. Imaginamos que recebemos um cesto de laranjas e que, ao abri-lo, observamos que todas as laranjas que acima se encontram estão estragadas. Diríamos então: as de baixo devem estar boas, para compensar as de cima. Diríamos: é plausível que estejam todas estragadas. E é exatamente isso que uma pessoa de alma científica diria referente ao universo. Diria: deparamo-nos neste mundo com muita injustiça e, como ao que isso se menciona, existe razão para se crer que o mundo não é conduzido pela justiça. De imediato, tanto quanto podemos perceber isso abastece um assunto moral contra a deidade e não a seu favor. Sei, certamente, que os argumentos intelectuais sobre os quais vos estou falando não são, na verdade, de molde a estimular as pessoas. O que realmente leva os indivíduos a acreditar em Deus não é nenhum argumento intelectual. A maioria das pessoas acredita em Deus porque lhes ensinaram, desde tenra infância, a fazê-lo, e essa é a principal razão. (Russell, 1965, pág. 25). Imaginamos ainda que a subsequente e mais poderosa razão disso é a cobiça pela segurança, uma condição de impressão de que existe um irmão mais velho olhando pela gente. Isso realiza um papel muito profundo, influenciando o anseio das pessoas quanto a uma fé em Deus. Admitindo então tais ditos, chegamos aos pontos em que desacreditamos que se possa concordar com a sabedoria exímia e com a bondade magistral de Cristo, tal como são narrados nos Evangelhos. Acolhida a história bíblica tal como ela nos apresenta, deparamos com alguns fatos que não nos parecem muito sensato ou prudente. Por um momento, seguramente Jesus imaginou que a Sua segunda chegada aconteceria em nuvens de glória antes da morte de todos os habitantes que estavam vivendo naquela ocasião. Há vários textos que o evidenciam. Essa era a fé dos primeiros admiradores, estabelecendo o embasamento de uma grande parte dos ensinamentos morais de Jesus. Quando Ele disse: ―Não andeis inquietos pelo dia de amanhã‖ e outras coisas idênticas foram, na maioria, porque estimava que o seu segundo advento significasse muito em breve e que, por isso, os argumentos mundanos não tinham importância. Diz Ele, por exemplo: ―Não acabareis de correr as cidades de Israel, sem que venha o Filho do Homem‖. E adiante: ―Entre aqueles que estão aqui presentes, há alguns que não morrerão, antes que vejam o Filho do Homem no seu reino‖ — e há uma porção de lugares em que é bastante claro que Ele acreditava que a Sua segunda vinda ocorreria durante a vida dos que então viviam. (Russell, 1965, pág. 27).

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

QUIMERAS E FATOS DE UMA REALIDADE CRISTÃ EVANGELICA

Com raras exceções, a religião que um ser humano acolhe é aquela da comunidade em que ele vive isso é, o que o torna evidente que a influência do ambiente foi o que o levou a aceitar a referida religião, neste caso, uma igreja evangélica. É verdade que os escolásticos inventaram o que declarava ser argumentos lógicos da prova da existência de Deus, e que tais argumentos, ou outros de teor semelhantes, foram aceitos por muitos filósofos e teólogos eminentes, mas a lógica a que esses argumentos apelavam é um tipo de lógica aristotélica antiquada, hoje rejeitada, praticamente, por todos os lógicos, exceto os que são católicos. Bertrand Russell constrói a ideia de que a questão da veracidade de uma religião é uma coisa, mas o fato de sua utilidade é outra, diferente. Está tão firmemente persuadido de que as religiões são nocivas, como o estar de que são falsas. O mal causado pela religião é de duas espécies: uma, dependendo da sorte de crença que se julga deve ser dada à mesma, e, a outra das doutrinas particulares em que se crê. Quanto à espécie de crença, considera-se virtude ter fé. (RUSSELL, 1965, pág. 14). O mais notório é que, Deus é responsável pelas ações ou omissões, de tudo que acontece no mundo, com toda a dose de desumanidade que isso supõe. Outra é que não se vê a necessidade, sugerida por Jesus, de pedir a Deus tudo, que se faça a sua vontade assim na terra como no céu e se é verdade que Deus não tem ou não se impôs limitação alguma em exercer tal vontade mediante intervenções diretas de seu poder. E se ele o faz alguma vez, por que não sempre? É de admirar que tenha existido tão pouca oposição contra as violações perpetradas a mercê de interesses eclesiásticos. Um dos motivos para isso parece ser a fé generalizada de que a religião evangélica, hoje em dia, é afetuosa e compreensiva e que as perseguições são episódio do ocorrido de outrora. Este é uma quimera (6) perigosa. Apesar de muitos líderes religiosos serem, indiscutivelmente, amigos verdadeiros da liberdade que admitem modos de pensar e, ainda, partidários comprovados da separação entre a Igreja e o Estado, infelizmente, existem outros que, se pudessem, incumbiriam às perseguições e, de fato, o fazem, quando podem.

domingo, 11 de maio de 2014

O HOMEM RELIGIOSO CAUSA A IMPRESSÃO DE NEGLIGENCIAR SUA VERDADEIRA VIDA

O homem religioso causa a impressão de negligenciar sua verdadeira vida, sua vida terrena; parece estar fora do ritmo cíclico vital, palpitante, na expectativa de que venha o além. Assim a religião se apresenta como refugio dos que se sentem demasiado fracos ou temerosos para sustentarem a luta pela existência. (RIESENHUBER, 1972, pág.13) (5). "A única instância capaz de realizar no homem uma relação pessoal com Deus é a liberdade". (RIESENHUBER, 1972, pág.107). Na liberdade, o ser humano decide desde o centro de sua pessoa, face ao princípio absoluto do bem, no qual se oculta à exigência de Deus sobre todo o seu ser. Porém, ao mesmo tempo, a decisão deve possuir também certo grau de consciência explícita, que só torna possível mediante o encontro com o mundo. De acordo com o autor, o ato livre, no qual o ser humano é no mais alto grau, ele mesmo, inclui, portanto elementos do mundo que constituem o material e a compreensão concreta da sua decisão (Riesenhuber, 1972). Podemos notar um fator totalmente inverso aplicado pelas religiões cristãs que no momento de adesão do ser humano a Deus e no seu apelo na fé, o ser humano se abre sem reservas, confundindo com liberdade, desde a raiz de sua pessoa, isto é, nas profundezas de sua singularidade individual até a sua totalidade do seu ser, utilizando-se de suas exigências e repreensões como justificativa a fim de submeter a Ele e ao aceitar a doutrina cristã, o indivíduo admite que os outros lhe interpretem o sentido de sua vida para além da experiência que ele mesmo teve. A religião cristã evangélica expressa por tanto apenas seu pensamento em formas de práticas religiosas, não suportando a tensão existente entre o absoluto buscado e sua manifestação esperada no mundo, constituem apenas tentativas de projeto e moldura de ações sacramentais. A religião Cristã Evangélica é habitualmente enaltecida por ter abolido o sacrifício humano. Mas apenas substitui o sacrifício humano sangrento por sacrifício de outro tipo, ao invés de corporal, introduz o sacrifício psíquico, espiritual, que em verdade, não na aparência, mas no fato e na realidade é um sacrifício humano. Por isso pessoas que só se prendem a aparências creem que a religião cristã introduz no mundo algo essencialmente diverso da necessária aos seres humanos. Dado o caso que Deus se manifeste no mundo, deve sua revelação ser buscada pelo homem, precisamente no outro homem, porque ninguém a possui pessoalmente. Isto corresponde à tendência do homem, que anseia por Deus, como por exemplo, no amor, dá-se conforme as análises da experiência, em geral, na dimensão intramundana. (RIESENHUBER, 1972, pág. 145).

domingo, 13 de abril de 2014

A BASE DA REFLEXÃO

A obrigação de acatar a natureza humana, na medida em que nossos impulsos e desejos constituem o material do qual deve ser feita a nossa felicidade. É desnecessário oferecer aos seres humanos alguma coisa obscura
analisada como "bom", precisamos dar-lhes algo que ambicionem ou de que careçam, se almejarmos colaborar para sua felicidade.
A religião cristã parece diminuir o significado do mundo e da tarefa humana, assim se dá também a impressão de descuidar do aspecto corporal do ser humano, sua dependência dos sentidos e sua alegria de vida plena. Interessa-se a religião apenas pela alma, ou se muito, pelo espírito alheio. Para as religiões cristãs evangélicas, a vida propriamente dita parece começar depois da morte, e a morte já deve ser antecipada na vida terrena pelo martírio continuo.
A base da nossa reflexão não é um fenômeno isolado, um objeto ou uma experiência humana determinada, mas o fato universal, evidente de que o ser humano é capaz de fazer experiências e de encontrar algo diverso dele mesmo. O ser humano vive no mundo, para ele tendem suas aspirações, abrangente pelo seu conhecimento, toma posição em face dele com o sentimento e o desejo, ao contrário, a religião cristã influi sobre ele pela sua ação determinada por imposição. O principio de dificuldade é que o ser humano depende essencialmente do mundo sem que, entretanto possa diminuir da sua própria essência, prognosticar ou produzir o seu estado concreto, a saber, o seu ambiente com as pessoas, coisas e acontecimentos. Logo faz parte da constituição essencial do homem estar exposto de modo aberto, receptivo, aquilo que na sua forma concreta não lhe é essencial nem necessário em si mesmo, fato inadmissível pela religião cristã. Na linguagem da religião cristã evangélica a crença em Deus e o amor a Ele não são possíveis para quem primeiro assegura a sua autonomia, procurando, em seguida, talvez oferecer-lhe fé e amor, como obra própria.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Segundo José Saramango

As religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens; que, pelo contrario foram e continuam sendo causa do sofrimento inenarrável, de matanças, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem em um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana (...). A maioria dos fieis de qualquer religião não somente finge ignorá-lo, mas se levanta furiosa e intolerante contra aquele para quem Deus não é mais do que um nome, nada mais do que um nome, o qual, por medo da morte, lhe dê um dia e que viria a dificultar nossa passagem para uma humanização real (...). Por causa de Deus e em nome de Deus permitiu-se e justificou-se tudo, principalmente o pior, principalmente o mais terrível e cruel. (SOBRINO, 2007, PÁG. 176).

O PAPEL E A INFLUÊNCIA DAS RELIGIÕES NA VIDA DAS PESSOAS




Durante as investidas das religiões cristãs evangélicas pela busca por uma vida virtuosa, surgiram várias e variadas concepções, entre elas, a verdade é fabricada ou encontrada? Não submergindo o trabalho a esta questão, porém, de maneira inevitável deixar passar despercebido, pois a religião cristã está alicerçada neste pilar, sendo alegado como fator para uma mudança de vida, acalentando a ânsia de encontrar sua essência como centelha divina. Aos poucos essa busca modifica a vida ingênua do buscador para uma vida para aparentemente real e absoluto, fazendo com que o ser humano seja lançado para além de si mesmo a procura de Deus. A labuta sem controle, que há no ser humano, de retornar ao seio de sua matriz é legitimo, mas, ao mesmo tempo, torna-o vulnerável à malignidade dos prestigiadores espirituais. ―para alguns, a prisão é uma boa forma de impedir o crime, outros sustentam que a educação seria a melhor alternativa‖. (RUSSELL, 2009, pág. 43). Segundo Russell, não se pode provar que essa concepção de vida virtuosa esteja correta, pode apenas expô-las, eis o que pensa: ―a vida virtuosa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento.‖ (IDEM).
Não há a necessidade de fazer das regras morais serem tais que virassem a ser inviável a felicidade natural. Existe mais a ser relacionado a favor da ―natureza‖ na área dos anseios humanos. Impor a um homem, uma mulher ou a uma criança uma vida que venha a fracassar seus impulsos mais intensos é tão cruel quanto perigoso; nesse sentido, uma vida em concordância com a natureza deve ser indicada, com algumas condições. Os desejos comuns são bons para os seres humanos quando satisfeitos pelas artificialidades. Contudo não há coisa nenhuma a pronunciar em amparo das formas de vida que são artificiais na definição de que são estabelecidas por uma ―autoridade religiosa‖ ou por necessidade econômica. A certeza sobre a realidade é de que tais formas de vida sejam, em certa medida, necessárias atualmente. A vida não careceria ser tão duramente fiscalizada nem tão sistemática. Nossos estímulos, quando não consistissem em efetivos destrutivos ou nocivos aos outros, precisariam se ratificáveis, ter cursos livre, necessitaria existir ambiente para a aventura. A obrigação de acatar a natureza humana, na medida em que nossos impulsos e desejos constituem o material do qual deve ser feita a nossa felicidade. É desnecessário oferecer aos seres humanos alguma coisa obscura
analisada como ―bom‖, precisamos dar-lhes algo que ambicionem ou de que careçam, se almejarmos colaborar para sua felicidade.

quinta-feira, 14 de março de 2013

O MEDO AINDA É A BASE DA RELIGIÃO

Muitos homens conservam a soberba perante a sua própria forca, com certeza a mesma soberba deveria nos instruir a refletir genuinamente sobre o lugar do ser humano no mundo, pelo menos esse deveria ser um dos atributos da religião, principalmente as cristãs evangélicas, por ter como lema o amor ao próximo, porém sua catastrófica influência no comportamento humano, que lamentavelmente, no ocidente, onde após a sua reforma mantem-se reinante, leva a constante repressão de seus instintos e desejos, hoje se está diante desse homem distorcido, amputado de sua plenitude, fazendo com que se leve a demonstrar suas preocupações com a inconsciente abdicação de seus desejos instintivos. As pessoas adaptaram-se a mentir em rebanho, a aceitar como verdadeiras as construções falsas ou impossíveis de se comprovar, apenas por serem estas as construções aceitas pelo conjunto da sociedade, unicamente aceitável empiricamente.


É inegável que, muitas vezes, os seres humanos têm pensado em Deus para tê-lo a seu favor, contra outros deuses no âmbito religioso e contra seus inimigos no âmbito histórico. Na antiguidade, não havia Estado sem Deus nem Deus sem Estado. Deus era protetor dos grupos humanos, para isso se necessitava de poder e sua proteção incluía essencialmente a destruição do inimigo. ―O Deus dos exércitos‖, que esteve presente durante séculos na liturgia cristã, é uma clara confirmação disso. A religião gerou violência objetiva, muitas vezes com incrível crueldade, e a seu serviço gerou fanatismo subjetivo. A propósito, José Saramango, com extrema acidez, tornou a repetir como tese universal, em que consiste a essência histórica da religião.


As religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens; que, pelo contrario foram e continuam sendo causa do sofrimento inenarrável, de matanças, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem em um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana (...). A maioria dos fieis de qualquer religião não somente finge ignorá-lo, mas se levanta furiosa e intolerante contra aquele para quem Deus não é mais do que um nome, nada mais do que um nome, o qual, por medo da morte, lhe dê um dia e que viria a dificultar nossa passagem para uma humanização real (...). Por causa de Deus e em nome de Deus permitiu-se e justificou-se tudo, principalmente o pior, principalmente o mais terrível e cruel. (SOBRINO, 2007, PÁG. 176).

domingo, 20 de janeiro de 2013

O MEDO É A BASE DA RELIGIÃO


“A felicidade não deixa de ser verdadeira porque deve necessariamente chegar a um fim, tampouco o pensamento e o amor perdem seu valor por não serem eternos.” (RUSSEL, 2009, pag. 39). Em uma definição de como a religião cristã evangélica influência na vida das pessoas, nitidamente notamos como sua capacidade de interagir psicologicamente com o que há de mais frágil no ser humano e temido principalmente pelos cristãos, a aversão irreprimível que existe no homem, o medo. Esta é, principalmente, a base de todo o litígio: o assombro do mistério, o espanto da derrota, o medo da morte. O medo é a nascente da crueldade e, consequentemente, não é de se estranhar que a crueldade e a religião caminhem de mãos dadas. Isso porque o medo é à base dessas duas coisas. Assim vamos aos poucos compreendendo as coisas e refreando tais práticas se opondo contra a religião cristã, contra as Igrejas e contra a oposição de todas as antigas leis. A ciência pode ajudar-nos a superar este medo covarde com o qual a humanidade tem vivido por tantas gerações.

Focando na maior parte da população, existe no fundo de suas memorias, o medo obcecado de ruina, isso é confirmado quando nos referimos às pessoas que têm filhos. Os que têm maiores poderes aquisitivos receiam que embarguem os seus investimentos, os desprovidos temem o desemprego ou a perda da saúde. Estão todos comprometidos na busca compulsiva pela segurança e idealizam que isso pode ser obtido através da submissão à religião, igreja ou líderes evangélicos. Nos períodos de pânico é que a crueldade aparece em maior proporção e mais bárbara. Chegamos a uma analise que só a justiça concede o ato de dar segurança. Neste caso, a justiça é uma analogia ao prestígio dos direitos iguais de toda a raça humana, e o medo, como paixão irracional, e não como uma prevenção racional de alguma possível desgraça.

É preciso evitar que haja miséria; é preciso melhorar a saúde pública por meio da medicina, da higiene e de saneamento e de todos os outros métodos tendentes a diminuir os terrores que rondam os abismos da mente humana e surgem como pesadelos quando os homens dormem. (RUSSELL, 1965, pag. 79).

sábado, 29 de dezembro de 2012

A RELIGIÃO COMO PARADIGMA FILOSÓFICO II



“A religião tem a sua base na diferença essencial entre o homem e o bruto. Os brutos não têm religião.” (FEUERBACH, 1988, pág. 12). O animal está imerso no seu mundo. Sente-o, vive-o e o aceita. A relação do ser humano com o mundo, ao contrário, é problemática. O ser humano é um ser partido entre duas realidades. A neurose é a rebelião contra um mundo impessoal e implacável, que vive em um mundo, por parte de um ser, que vive em função da imaginação, filha do amor. Nas palavras de Camus “[...] o homem é a única criatura que se recusa a ser o que é [...]”. O dualismo, ou mais precisamente a dialética, divide assim o mundo entre o que é (realidade objetiva) e o que deve ser (o ético), aquilo que é dado objetivamente como fato e as exigências antropológicas do homem que vive e sofre estes fatos e se organiza para sua superação. Tal conflito revela uma tensão entre a existência (o que é) e uma exigência ética de superação (a essência).
Tudo que o ser humano fala acerca de Deus, através da linguagem religiosa, nada mais é que uma confissão de suas aspirações e projetos. Deus só pode ser conhecido como homem. O discurso religioso, assim é a expressão-protesto da criatura oprimida, impossibilitada de se realizar dentro das condições dominantes. Sua realidade e seu projeto não desaparecem. Realizam-se simbolicamente nos símbolos religiosos, que se constituem num horizonte para a ação. Ele oferece os pontos de referência de um projeto político de liberação da essência. Quando, entretanto o horizonte se transforma em outro mundo, autônomo e independente, a verdade da religião se transforma em falsidade. O projeto político foi reduzido a um espaço e há um tempo já existentes. Torna-se inútil qualquer atividade de transformação. A consciência religiosa se traduz então em busca de salvação. Compreender a verdade da religião é compreender duas coisas. Primeiro, que se está condenado ao presente. A consciência o rejeita. A prática política pode transformar. Segundo, que as verdades da religião, escondidas em seu manto simbólico, poderão tornar-se verdades de amanhã.
Como a existência é tudo para o coração ela tem de ser infinita para a compreensão, assume os tributos da divindade. O que é religião?
 
O solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação dos seus pensamentos íntimos, a confissão publica dos seus segredos de amor. Como forem os pensamentos e as disposições do homem, assim será o seu Deus; quanto valor tiver um homem, exatamente isto e não mais, será o valor do seu Deus. Consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento. Deus é a mais alta subjetividade do homem, abstraída de si mesmo. este é o mistério da religião: o homem projeta o seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo, assim convertida em sujeito. (FEUERBACH, 1988, pág. 14).