sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Resumo Crítico do texto "O DILEMA PARA UM RELACIONAMENTO COM DEUS" do Prof e Psicologo Robson Souza

Robson Souza é Psicólogo, formado em Ciências Sociais e Teologia, Mestrado em Teologia em Educação Comunitária pela IEPG/EST, Professor de Psicologia do Centro Universitário da Bahia - FIB e da Faculdade Batista Brasileira – FBB , em sua publicação, aborda um tema sobre a maneira com que o homem, limitado e corruptível, pode manter um relacionamento com um Deus que se apresenta de forma infinita, sem limites e sem medidas formais aparentemente, porém ao realizar uma pesquisa entre jovens batistas, foi verificado que as características de Deus são atribuídas às características de seus pais e independente de ser uma mãe carinhosa ou um pai castrador, metade deles tem um bom relacionamento e uma boa auto-estima.
Ao analisar um pensamento de Carl Gustav Jung, que foi um psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, vejo como foi bem colocado pelo professor Robson, a sua definição derivada de suas pesquisas de como é importante esse relacionamento de forma autêntica:

“É a função psíquica que permite a geração de um símbolo entre conteúdos inconscientes e conscientes, pela confrontação de opostos. É essa função que permite que os conteúdos do inconsciente possam vir à consciência na forma de símbolos e fantasias” . C. G. Jung

É esse relacionamento de Deus, de forma transcendente com o homem, que permite a criação de uma materialização de uma imagem do inconsciente, transformando-as em realidades simbólicas, concordando com o professor Robson, vejo que realmente “a idéia de Deus nos revela mais sobre nós do que do próprio Deus”.
Desta mesma maneira prossigo analisando suas colocações a respeito do mau relacionamento com Deus dos jovens que não apresentaram um bom relacionamento familiar, embora eu tenha utilizado essa frase para concordar com o professor, nesta contraditoriedade, há algo a ser aprendido em todas as possibilidades de escolha. Não é necessário vivê-las uma a uma. Há experiências que não precisam ser vividas para se extrair lições importantes, nem sempre o mau relacionamento com um, implique na mesma condição com o Outro (coloco Outro substituindo o nome “Deus” devido à dialética hegeliana citada pelo Mestre e Professor Robson: Em si e fora de si. Nós projetamos em Deus todas as nossas características contraditórias). A percepção do espiritual e a consciência da imortalidade da alma exigem algo mais complexo para a vida e para o funcionamento do Universo. O ser humano tem se valido de escolhas entre duas opções, fruto da unilateralidade da consciência, para decidir seu destino. Suas escolhas, automaticamente excluem os paradigmas integrantes de opções opostas, por negá-las veementemente. Ele apenas integra o que considera melhor para si, excluindo o que não percebe ou não aceita na opção oposta.
Valores morais são decisivos na formação do caráter. Saber-se falho, manchado pelo “mau” é algo que não se esquece. Geralmente, as pessoas não têm à disposição ou outros pontos de vista na hora em que mais precisam, sendo incapazes, portanto, de se enxergar e se interpretar de formas alternativas. Assim, a sentença emitida inicialmente por um familiar ou grupo significativo, é assumida em primeira pessoa e o indivíduo se transforma em seu próprio eterno juiz.

“O homem procura um princípio em nome do qual possa desprezar o homem. Inventa outro mundo para poder caluniar e sujar este; de fato só capta o nada e faz desse nada um Deus, uma verdade, chamados a julgar e condenar esta existência.”
Friedrich Nietzsche

Sabiamente o professor expressa sua opinião a respeito da chamada “cura espiritual e psicológica” e comenta sobre as religiões brasileiras que atribuem os fatores das doenças psicológicas meramente a problemas espirituais. Mostra-nos que quando reconhecemos nossas falhas e aprendemos a encontrar o caminho para a solução, nos achamos dentro do nosso espaço, como diz Freud: “o luto deve ser vivido intensamente, dói muito mesmo, é cruel, mas de nada adianta fugir nem fingir”. Entretanto assim conclui o professor Robson, “o sofrimento psicológico é mais do que uma dor – é dor e mais ressentimentos, a culpa, a resistência e outras associações psicopatológicas, isso me recorda de uma meditação do escritor Paul Tournier, no seu livro Culpa e Graça: “Nada nos deixa tão solitários quanto nossos segredos”.
Na verdade precisamos e necessitamos deste relacionamento fiel e puro com Deus utilizando-se do espírito através de suas revelações pessoais, devemos ser nós mesmos, sem máscara ou persona, neste relacionamento íntimo e individual. O processo relacionado com o desenvolvimento, na formação da representação de Deus, é sumamente complexo e é influenciado pelos múltiplos fenômenos culturais, sociais, familiares, individuais, que vão desde os níveis biológicos mais profundos da experiência humana até as realizações espirituais mais sutis. No Ponto de vista Winnicottiano, no decorrer da vida, segundo Ana Maria Rizzuto, Deus permanece um objeto transicional a serviço da necessidade de equilibração consigo próprio, com os outros e com a própria vida. Isso acontece não porque Deus é Deus, mas porque, como o bichinho de pelúcia, ele ganhou boa parte do seu conteúdo a partir dos objetos primários que a criança “encontrou” em sua vida. A outra parte do conteúdo de Deus provém da capacidade que a criança tem para “criar” um Deus de acordo com as suas necessidades.
Mais uma vez o professor acerta em concluir em seu trabalho de pesquisa, expondo que na verdade que não é Deus o culpado pelos nossos fracassos, é nosso o poder de escolha, possuindo uma auto-regulação efetiva, além de alterar a si próprio para uma relação com Deus é um fator de regulação emocional.