quinta-feira, 14 de março de 2013

O MEDO AINDA É A BASE DA RELIGIÃO

Muitos homens conservam a soberba perante a sua própria forca, com certeza a mesma soberba deveria nos instruir a refletir genuinamente sobre o lugar do ser humano no mundo, pelo menos esse deveria ser um dos atributos da religião, principalmente as cristãs evangélicas, por ter como lema o amor ao próximo, porém sua catastrófica influência no comportamento humano, que lamentavelmente, no ocidente, onde após a sua reforma mantem-se reinante, leva a constante repressão de seus instintos e desejos, hoje se está diante desse homem distorcido, amputado de sua plenitude, fazendo com que se leve a demonstrar suas preocupações com a inconsciente abdicação de seus desejos instintivos. As pessoas adaptaram-se a mentir em rebanho, a aceitar como verdadeiras as construções falsas ou impossíveis de se comprovar, apenas por serem estas as construções aceitas pelo conjunto da sociedade, unicamente aceitável empiricamente.


É inegável que, muitas vezes, os seres humanos têm pensado em Deus para tê-lo a seu favor, contra outros deuses no âmbito religioso e contra seus inimigos no âmbito histórico. Na antiguidade, não havia Estado sem Deus nem Deus sem Estado. Deus era protetor dos grupos humanos, para isso se necessitava de poder e sua proteção incluía essencialmente a destruição do inimigo. ―O Deus dos exércitos‖, que esteve presente durante séculos na liturgia cristã, é uma clara confirmação disso. A religião gerou violência objetiva, muitas vezes com incrível crueldade, e a seu serviço gerou fanatismo subjetivo. A propósito, José Saramango, com extrema acidez, tornou a repetir como tese universal, em que consiste a essência histórica da religião.


As religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens; que, pelo contrario foram e continuam sendo causa do sofrimento inenarrável, de matanças, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem em um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana (...). A maioria dos fieis de qualquer religião não somente finge ignorá-lo, mas se levanta furiosa e intolerante contra aquele para quem Deus não é mais do que um nome, nada mais do que um nome, o qual, por medo da morte, lhe dê um dia e que viria a dificultar nossa passagem para uma humanização real (...). Por causa de Deus e em nome de Deus permitiu-se e justificou-se tudo, principalmente o pior, principalmente o mais terrível e cruel. (SOBRINO, 2007, PÁG. 176).