domingo, 13 de abril de 2014

A BASE DA REFLEXÃO

A obrigação de acatar a natureza humana, na medida em que nossos impulsos e desejos constituem o material do qual deve ser feita a nossa felicidade. É desnecessário oferecer aos seres humanos alguma coisa obscura
analisada como "bom", precisamos dar-lhes algo que ambicionem ou de que careçam, se almejarmos colaborar para sua felicidade.
A religião cristã parece diminuir o significado do mundo e da tarefa humana, assim se dá também a impressão de descuidar do aspecto corporal do ser humano, sua dependência dos sentidos e sua alegria de vida plena. Interessa-se a religião apenas pela alma, ou se muito, pelo espírito alheio. Para as religiões cristãs evangélicas, a vida propriamente dita parece começar depois da morte, e a morte já deve ser antecipada na vida terrena pelo martírio continuo.
A base da nossa reflexão não é um fenômeno isolado, um objeto ou uma experiência humana determinada, mas o fato universal, evidente de que o ser humano é capaz de fazer experiências e de encontrar algo diverso dele mesmo. O ser humano vive no mundo, para ele tendem suas aspirações, abrangente pelo seu conhecimento, toma posição em face dele com o sentimento e o desejo, ao contrário, a religião cristã influi sobre ele pela sua ação determinada por imposição. O principio de dificuldade é que o ser humano depende essencialmente do mundo sem que, entretanto possa diminuir da sua própria essência, prognosticar ou produzir o seu estado concreto, a saber, o seu ambiente com as pessoas, coisas e acontecimentos. Logo faz parte da constituição essencial do homem estar exposto de modo aberto, receptivo, aquilo que na sua forma concreta não lhe é essencial nem necessário em si mesmo, fato inadmissível pela religião cristã. Na linguagem da religião cristã evangélica a crença em Deus e o amor a Ele não são possíveis para quem primeiro assegura a sua autonomia, procurando, em seguida, talvez oferecer-lhe fé e amor, como obra própria.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Segundo José Saramango

As religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens; que, pelo contrario foram e continuam sendo causa do sofrimento inenarrável, de matanças, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem em um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana (...). A maioria dos fieis de qualquer religião não somente finge ignorá-lo, mas se levanta furiosa e intolerante contra aquele para quem Deus não é mais do que um nome, nada mais do que um nome, o qual, por medo da morte, lhe dê um dia e que viria a dificultar nossa passagem para uma humanização real (...). Por causa de Deus e em nome de Deus permitiu-se e justificou-se tudo, principalmente o pior, principalmente o mais terrível e cruel. (SOBRINO, 2007, PÁG. 176).

O PAPEL E A INFLUÊNCIA DAS RELIGIÕES NA VIDA DAS PESSOAS




Durante as investidas das religiões cristãs evangélicas pela busca por uma vida virtuosa, surgiram várias e variadas concepções, entre elas, a verdade é fabricada ou encontrada? Não submergindo o trabalho a esta questão, porém, de maneira inevitável deixar passar despercebido, pois a religião cristã está alicerçada neste pilar, sendo alegado como fator para uma mudança de vida, acalentando a ânsia de encontrar sua essência como centelha divina. Aos poucos essa busca modifica a vida ingênua do buscador para uma vida para aparentemente real e absoluto, fazendo com que o ser humano seja lançado para além de si mesmo a procura de Deus. A labuta sem controle, que há no ser humano, de retornar ao seio de sua matriz é legitimo, mas, ao mesmo tempo, torna-o vulnerável à malignidade dos prestigiadores espirituais. ―para alguns, a prisão é uma boa forma de impedir o crime, outros sustentam que a educação seria a melhor alternativa‖. (RUSSELL, 2009, pág. 43). Segundo Russell, não se pode provar que essa concepção de vida virtuosa esteja correta, pode apenas expô-las, eis o que pensa: ―a vida virtuosa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento.‖ (IDEM).
Não há a necessidade de fazer das regras morais serem tais que virassem a ser inviável a felicidade natural. Existe mais a ser relacionado a favor da ―natureza‖ na área dos anseios humanos. Impor a um homem, uma mulher ou a uma criança uma vida que venha a fracassar seus impulsos mais intensos é tão cruel quanto perigoso; nesse sentido, uma vida em concordância com a natureza deve ser indicada, com algumas condições. Os desejos comuns são bons para os seres humanos quando satisfeitos pelas artificialidades. Contudo não há coisa nenhuma a pronunciar em amparo das formas de vida que são artificiais na definição de que são estabelecidas por uma ―autoridade religiosa‖ ou por necessidade econômica. A certeza sobre a realidade é de que tais formas de vida sejam, em certa medida, necessárias atualmente. A vida não careceria ser tão duramente fiscalizada nem tão sistemática. Nossos estímulos, quando não consistissem em efetivos destrutivos ou nocivos aos outros, precisariam se ratificáveis, ter cursos livre, necessitaria existir ambiente para a aventura. A obrigação de acatar a natureza humana, na medida em que nossos impulsos e desejos constituem o material do qual deve ser feita a nossa felicidade. É desnecessário oferecer aos seres humanos alguma coisa obscura
analisada como ―bom‖, precisamos dar-lhes algo que ambicionem ou de que careçam, se almejarmos colaborar para sua felicidade.