sábado, 18 de abril de 2009

Analogia entre o filme "O Alto da Compadecida" e a nossa realidade social

O Auto da Compadecida é uma crítica em vários aspectos, onde revela toda a sujeira da sociedade e não se esquece de todas as artimanhas usadas pela Igreja e seus representantes que com a sua submissão ao poder político aliado aos interesses de uma minoria que nada contribui para o desenvolvimento social da comunidade.

Um dos fatores decisivos para compreender os problemas da região é o sistema político que predominou e ainda domina regiões e cidades do interior nordestino. A indústria da seca, os votos de cabresto, os currais eleitorais, os eleitores fantasmas, a falta de um programa para a educação, saúde, segurança, infraestrutura, emprego e tantos outros dispositivos utilizados no passado e no presente do Nordeste brasileiro (e também em outras regiões), fazem parte de uma herança das mais desagradáveis, o coronelismo.

Povo religioso, simples, de pé no chão, acuado pela seca, atormentado pelo fantasma da fome e em constante luta contra a miséria. Um breve perfil dos sertanejos nordestinos poderia apresentar todas essas informações. Acrescentaria, sem dúvida, a opressão a que foram (e ainda hoje são) submetidos por famílias de poderosos coronéis, que possuem terras e almas por vastas áreas de todo esse Brasil, tornando os cidadãos refém dos órgãos público, sendo a igreja corrompida pelo poder político, não investe e nem toma a iniciativa de buscar esses recursos, pois assim entrará em conflito e perderá os seus benefícios mantidos pelo clero que por sua vez é mantido pelo estado.

A importância de uma igreja livre é que ela apresentaria sua liberdade em tomar decisões, o alvo passa a ser o “ser humano”, que começará a ser vista como aquelas que são necessárias para a sobrevivência e mantenedoras da presença de um Deus vivo, a homogeneidade do corpo de Cristo passa a ser mais solidário com as dificuldades alheia.

É esclarecedor lembrar o final de “O Auto da Compadecida”, quando o cangaceiro é absolvido dos seus pecados e mandado para o céu. Ele, afinal, nada mais fez que buscar meios de sobreviver numa sociedade regida por leis cruéis. Virtude que também é enfatizada com relação a João Grilo e que consiste justamente no fator que gera a identificação no espectador. O que me leva a indagar: o quanto revelador das nossas relações sociais é essa aceitação positiva do malandro?

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