quarta-feira, 9 de junho de 2010

CRÍTICA DO PECADO APRESENTADO NO FILME “EM NOME DE DEUS”

O pecado apresentado no filme “Em nome de Deus“ demonstra toda uma influência que foi trazida pelos “Pais da igreja”; como uma cultura mantém enraizada esses conceitos literalmente de bem e mal como origem de pecado e como pode ser traduzido pelo comportamento humano um julgamento de verdade sobre o assunto.

Assim visto como uma má influência na sociedade irlandesa por volta dos anos 60, à mulher é representada por três características que maculam os lares e as famílias da comunidade: a mãe solteira; a vítima de estupro e a beleza de uma mulher que desperta interesse nos homens, sendo analisados como pecados, independentes dos motivos que levaram a consumação ou não dos fatos. Observado todo o domínio patriarcal que mantém seus interesses apoiados pela Igreja e pelo Estado, excluindo e inferiorizando o sexo feminino, sendo apontadas como as responsáveis pelos pecados dos homens, transgredindo a lei divina, na medida em que a alma foi criada por Deus para reger o corpo e o homem, fazendo mau uso do livre-arbítrio, elas invertem essa ralação, subordinando a alma ao corpo, caindo assim na concupiscência e na ignorância.

Já no convento, aonde essas três mulheres são confinadas, é criado um tipo de penitência para pagarem por seus supostos pecados, através de trabalhos forçados e sob rígida doutrina das irmãs da Misericórdia em nome da Igreja Católica. O interessante é que lá também se encontrava mulheres, que por serem portadoras de deficiência mental ou alguma forma de debilidade, também eram consideradas pecadoras, com isso minimizavam a intervenção da graça, quando não chegavam a negá-la totalmente, esquecendo que a graça precede todos os esforços de salvação, segundo Agostinho.

Desde o triunfo do cristianismo no Império Romano, a cultura patriarcal judaico-cristã modelou os papéis sociais de homens e mulheres, santificando a opressão masculina e demonizando a feminina. A luta pela liberdade de uma tradição machista que as mulheres tiveram, deixam exemplos de reflexão sobre o pecado, embora permanecesse visceralmente impregnado de uma concepção nitidamente dualista que contrapunha o homem a Deus, o mal ao bem, as trevas à luz. È importante reconhecer e superar os dogmas implantados na sociedade ao longo dos anos, lembrando que o fato social da época tinha todo um interesse político de poder, não cabendo mais atualizá-los para um período contemporâneo, e que acima de qualquer interesse está o interesse das relações humanas e da construção de uma sociedade firmada no pilares da igualdade e capacidade dos valores éticos.

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